Tag: Tecnologia

Entendendo os tipos de efeitos mais usados na produção musical

Tempo de leitura: 3 minutos

Olá!
Espero que todos estejam bem.
Neste post gostaria de falar sobre os efeitos comumente utilizados em produções musicais e os resultados que podem ser obtidos a partir deles.

A maioria dos efeitos disponíveis em processadores e pedaleiras são simulações de efeitos acústicos que ocorrem naturalmente em nosso ambiente e são estudados pela física. Ao produzirmos sons em diferentes ambientes, podemos perceber como eles se propagam.
Por exemplo, quando cantamos no chuveiro e percebemos que nossa voz soa afinada, ou quando falamos diante de um grande morro e ouvimos o som repetido, chamado de “eco” pelas pessoas, mas que na verdade é um tipo de efeito com outro nome.
Começarei então falando sobre o Reverb.

A reverberação ocorre quando o som é gerado e reflete nas paredes, no chão, no teto e retorna em várias réplicas do mesmo som em tempos diferentes, o que resulta em um som contínuo e preenchido. O decaimento do reverb depende do tamanho da sala, e existem vários tipos de reverb, desde curtos até longos.
O reverb é um dos primeiros efeitos de embelezamento sonoro a ser amplamente utilizado e é capaz de dar a sensação de preenchimento em músicas com poucos instrumentos, como um piano soando em uma sala de concerto.

Hoje em dia, o reverb é gerado digitalmente por processadores de efeitos em hardware ou software. No passado, havia grandes salas acusticamente projetadas próximas aos estúdios para emitir e captar o efeito.
Também havia alternativas mais rudimentares, como o tipo mola (usado em amplificadores de guitarra) e o tipo plate (característico de gravações antigas).
Para ilustrar, é possível ouvir exemplos de músicas que utilizam esse tipo de reverb, como “Mar de Rosas” do The Fevers e “Dominique” de Giane:

Mar de Rosas do The Fevers
DOMINIQUE –

Preste atenção no reverb e veja como ele é bem metálico.

Vamos agora explorar o segundo efeito sonoro que é bastante conhecido: o eco, também chamado de delay.
Essa expressão em inglês significa literalmente “atraso”, e é fácil de entender como ele funciona: quando um som é emitido, ele se propaga e, ao encontrar obstáculos no caminho, como paredes ou rampas, parte dele acaba retornando para o ponto de origem.
Esse som refletido é o que chamamos de eco, e seu volume diminui à medida que ele se distancia do lugar onde foi gerado.
O delay é exatamente o tempo que leva para o som refletido retornar, e é um parâmetro fundamental na criação de efeitos sonoros. Ele também é utilizado em outros contextos, como na comunicação por voz via internet e na latência de processamento de dados.

Apesar de ser simples, o delay foi um dos primeiros efeitos sonoros que a tecnologia conseguiu imitar. Na música, esse efeito serviu como inspiração para criar novas sonoridades e dar asas à criatividade dos artistas.
Por exemplo, o canto yodo (ou jodler, como é conhecido na Alemanha), originário dos alpes alemães, se baseia no eco natural das montanhas.
Esse efeito foi incorporado às músicas, às vezes de forma rítmica, e pode ser ouvido em produções musicais modernas, como no remix “Galera de Cowboy” da Dalas Company, que usa um delay do tipo “ping pong” para criar um efeito estéreo interessante:

galera de cowboy

Preste atenção já no começo da música o “ping pong” do delay de acordo com o ritmo.

Ao explicar os dois efeitos, podemos concluir que o reverb consiste em milhares de fragmentos pequenos de delays em variações de tempo diferentes.
A tecnologia transformou o delay e o reverb em efeitos digitais, possibilitando a criação de novos tipos de efeitos a partir da manipulação das ondas sonoras, muitos deles baseados em efeitos já existentes.
Por exemplo, o efeito flanger cria uma sensação de “som entubado” usando vários delays curtos com variações periódicas de tempo, geralmente entre 10 a um milésimo de segundo.
O Phaser funciona de forma semelhante, mas com variações ainda menores, entre zero e um milésimo de segundo.
O Chorus é outro efeito muito utilizado na produção musical, simulando a sensação de várias pessoas cantando em uníssono, com pequenas variações de tempo e afinação.
Já o Pitch é um efeito de rotação que altera a afinação e a velocidade do som, com possibilidades de ajuste por oitava, intervalo, tons e semitons.

Por fim, o Equalizador é um tipo de efeito que permite ajustar o volume de determinadas frequências, podendo ser usado para editar, modificar timbres e dar uma outra cara ao som.
Os controles disponíveis nos equalizadores dependem do tipo de equalizador, sendo os gráficos com controles deslizantes e de várias bandas os mais comuns. Já os equalizadores paramétricos permitem um controle ainda maior da amplitude e das frequências vizinhas.

Com esses efeitos, um produtor musical tem a possibilidade de criar uma variedade de sons e timbres em suas produções.
Há muitos outros efeitos disponíveis e serão abordados em posts futuros.
Espero que tenham gostado. Deixem seus comentários abaixo!
Até a próxima!

Será que a tecnologia está sendo usada para produzir boas músicas de forma correta?

Tempo de leitura: 5 minutos

Olá galera!
Espero que estejam todos muito bem!

Estava vendo aqui o que poderia trazer para vocês de útil.
Pensei um pouquinho e resolvi escrever algo menos técnico, mas que ao mesmo tempo tem relação com o tema proposto neste espaço:
Será que a tecnologia, com toda a sua evolução, continua a ser usada de forma eficiente para produzir boas músicas atualmente?
E o que será que se espera para o futuro com relação a isso?

Lembro perfeitamente quando estava na época de minha infância escutando as músicas daquele tempo que meu pai tinha colecionado quando trabalhava como discotecário.
Eram vários da década de 90, 80, e até 70 e 60 (bem antes do meu nascimento), que não teria sequer conhecido se não fosse por isso.

Esse fato é importante porque muitas pessoas já comentaram comigo que, por ter nascido em 91, eu não teria propriedade para falar sobre artistas e bandas de décadas anteriores.
Posso citar aqui vários exemplos, como Elvis Presley (54 a 77),
The beatles (60) ,
Abba (72) ,
Simon & Garfunkel e por aí vai.
Por ter escutado coisas que hoje são raridade, acabei adquirindo gosto por diversos estilos musicais e ao mesmo tempo posso dizer que fui acompanhando os progressos (ou regressos, como queira) da música.

Algumas pessoas acham que foi na década de 90 que a música decaiu, apesar de coisas boas que surgia (ainda que poucas), o que é realmente verdade.
Contudo, acredito que a sonoridade alcançada pelos músicos e produtores numa época em que não existia o que existe hoje era realmente impressionante e, pelo menos pra mim, supera de certa forma a qualidade sonora das músicas da atualidade.
Isso explica muito bem porque quando a moda foi “Ai, se eu te pego” ou, pior ainda “If I catch you”, uma criança já sabia cantar mau tendo nascido a este mundo.
É um reflexo da educação musical precária e da pobreza cultural das pessoas, principalmente do povo brasileiro.

A década de 90 pra cima é uma representação do que iria mudar na indústria fonográfica.
As músicas passaram a ter o que a gente chama de Loudness Warm.
Mas que diabos é isso?
Calma, vou explicar… ☺
Loudness Warm foi um termo pejorativo que encontraram para classificar a “guerra do volume”.
Você tem ideia do que é isso?
Bem… Deixa eu te ajudar a entender:

Imagine que quando você está ouvindo uma música nos seus fones de ouvido ou caixas de som, você esteja diante de um palco sonoro, supostamente num show.
O produtor tem a liberdade de pôr à disposição os instrumentos da maneira como ele achar melhor. Por exemplo, colocando a guitarra um pouco pra direita, um piano no meio com um reverb para dar sensação de distância e ambiente, outra guitarra deslocada um pouco pra esquerda e assim por diante.
Isso inclui também uso de equalizadores, para cortar frequências que geram conflitos com outras similares de outros instrumentos.
O que acontece é que, da época de 94 pra cima, começaram a ser exploradas outras possibilidades na produção, mixagem e masterização.
Efeitos como compressores e limitadores começaram a ser usados em grande escala e passaram a atuar como efeitos colaterais, e as produções foram perdendo a dinâmica dos instrumentos, apesar de ter servido como uma evolução para a música eletrônica.
A partir do uso excessivo desses efeitos é que acontece a guerra do volume, onde os sons dos instrumentos acabam se guerreando e todo mundo quer soar mais que os outros.

Podemos perceber isso comparando o volume das gravações mais antigas com as atuais.
É como o rádio da sua vó competindo com o carro de som do seu vizinho chato que só quer chamar atenção.
Coitado das crianças que precisam aguentar isso! ?

Hoje, das bandas que surgem, os músicos não conseguem identificar a dinâmica correta dos seus instrumentos em conjunto quando a mesma se faz necessária.
As pessoas não percebem esse fenômeno acontecendo, principalmente em volumes extremamente altos, em MP3’s, iPods e outros reprodutores de música. Cada vez mais nos encaminhamos para um cenário em que vamos ter músicas tão altas quanto a capacidade de volume desses players, e todos (principalmente jovens) irão perder audição já cedo.
Malditos produtores! ?

Penso que estamos presenciando uma situação em que se espera que a tecnologia faça pelo músico e não que o músico faça com a tecnologia.
Por quê?
Bem, acho que os instrumentos, por si só, já são um exemplo claro de como o ser humano conseguiu se reinventar.

O homem sempre procurou desenvolver ferramentas com o que podia para tentar chegar a uma sonoridade a mais perfeita possível.
Instrumentos de cravo por exemplo, com o som que tinham, hoje certamente não se ouvem mais.
No entanto, obras maravilhosas que foram executadas usando essas relíquias parecem alcançar um resultado tão bom que isso não era realmente o limite da criatividade.
A mesma coisa aconteceu mais tarde com os outros instrumentos.

O piano por exemplo, teve que passar por aprimoramentos para ter a sonoridade que tem hoje.
Mesmo assim, os músicos o utilizavam para compor peças brilhantes.
Reconheciam a limitação imposta desse e outros instrumentos, mas sempre tentavam aproveitar o máximo potencial que estava nas mãos deles.

A evolução dos instrumentos com certeza é parte do desenvolvimento da tecnologia de hoje, que resulta numa expansão e ampliação de todas as áreas do conhecimento humano.
Mesmo assim, a música em geral empobreceu muito de qualidade…
Comparando os sucessos de antigamente com os hits do momento, parece existir um novo conceito por trás da criação musical, do tipo “posso fazer muito com pouco e tentar conseguir o sucesso que eu desejo”.
As gravadoras pressionam os artistas para comporem coisas nada criativas, e a música vira lixo (produto comercial facilmente descartável).

Será que estamos ainda fazendo música de corpo e alma?
É possível que a nova geração não tenha o mínimo de curiosidade de ouvir músicas que marcaram época e que estão até hoje na memória dos mais saudosistas? ?
Pra mim música não depende só do que eu tenho a disposição. Se a música não partir de mim, isso não vai significar absolutamente nada!

Quando não posso estar na frente do instrumento, uso o meu próprio corpo pra fazer música enquanto, por exemplo, aguardo alguém chegar pra me buscar, ou estou em um outro lugar qualquer que só esteja meu corpo ali parado.
É incrível, mas me empolgo só pelo simples fato de bater no tênis e no peito para criar ali mesmo uma bateria corporal… Estou fazendo música!

Imagina se agora os músicos de antigamente usassem todo o poder da tecnologia que existe hoje?
Com certeza a música seria bem diferente.
Mas para as mentes ignorantes, Basta poucas letras, poucos acordes, poucas notas… Uma simples batida só pra dar um charme…. pronto!
Tá feito a música do povão!

Não estou querendo dizer com isso que a música deve ser complexa. Muitas músicas possuem a sua simplicidade, transmitem sentimentos e possuem o seu valor. Mas a criatividade é a peça chave para uma boa composição.
Mesmo assim, acredite… Se a situação atual da música está desse jeito… São culpa das pessoas que estão vendo a criatividade andando solta por aí em algum lugar.
Pior ainda é quem aprecia. Isso não ajuda em nada.
A grande mídia vai empurrando goela abaixo e as pessoas, além de acostumadas, simplesmente já não se importam.
Toca nos bailes, nas festas, nos players…. E todo mundo ouve porque é a modinha do momento.

E você, o que pensa sobre isso?
E o que nos espera para o futuro?
Será que a tecnologia não está se tornando prejudicial para quem está usando dessa forma?
Ainda há esperanças de ouvirmos musica boa, mesmo que feita por uma inteligência artificial, mas com a alma e a criatividade de um artista?
Bom, temos que esperar para ver.
Mas, do meu ponto de vista esta é a triste realidade que estamos vivenciando na música.
Não podemos fazer algo com o mínimo de esforço possível.
Dedicar-se à música por exemplo não é tão simples quanto parece, ao mesmo tempo que não é impossível e assim tão difícil.
Depende da pessoa!..
Assim também é para fazer música. Não depende do que você vai usar pra fazer. Depende só de você.

Grande abraço!