o nascimento do midi e a história dos plugins

Tempo de leitura: 6 minutos

Olá pessoal!
Segue mais um post para os fascinados por produção musical.
E para tanto, nada melhor do que começar com uma breve introdução e, em seguida, discorrer um pouco mais do assunto para ficar entendível, não é?
Então vamos lá!

Você já imaginou como os produtores faziam para gravar um grupo enorme de orquestra enquanto acompanhavam a cena já gravada dos filmes?
Difícil até pensar em como se conseguia ter tanta concentração do papel que cada instrumentista teria de desenvolver nas trilhas, ao mesmo tempo prestando atenção nos cenários que apareciam numa tela grandíssima para deixar tudo sincronizado.
Posso citar como exemplo os filmes de Star-Wars, que apesar de serem quase todos daquela época, tiveram suas trilhas gravadas por um grupo imenso de orquestra.
Impossível não era, mas dava muito trabalho.
Havia uma certa demora na produção dessas trilhas, fato que talvez explique o atraso nos lançamentos.
Mas a tecnologia veio para dar um jeito nisso.

Antes de conhecermos a história dos instrumentos virtuais e o que são, é preciso saber como foi possível gerar notas musicais com o que existia naquele tempo.
Como isso poderia ser possível, já que a multimídia ainda estava engatinhando?
Diante desta situação, uns malucos aí (diga-se de passagem) de algumas empresas do japão e de outros países resolveram criar o que a gente conhece hoje como MIDI.
“MIDI? Que diabos é isso?!?!?”
Calma, ainda não falei grego. ?

Inicialmente, o MIDI (sigla para Musical Instrument Digital Interface, do inglês) surgiu através das primeiras placas de som para computadores, em que era mandado codificações representando as notas musicais e a interface conseguia gerar o som dessas notas com bastante precariedade, claro.
Esta técnica inclusive é usada até hoje por placas de som mais atuais e robustas através de arquivos MIDI.

“Mas eu pensei que os arquivos MIDI fossem como os arquivos de música!”
É, pensava. Os arquivos MIDI, por si só, não fazem nada. A única coisa que contém dentro deles são uma sequência de instruções.
Essa sequência é lida por um player qualquer, que envia essas informações diretamente para a placa de som, que por sua vez interpreta e as decodifica, gerando a sequência de sons que foram instruídas nesse arquivo.
Nele também são indicados outros comandos, como por exemplo o tipo de instrumento a ser executado e a quantidade deles (máximo de 16 por canal).
Os timbres que são gerados após a decodificação continuam sendo até hoje das próprias placas de som.
Interessante, né?

Você já experimentou dar uma olhadinha no que geralmente está escrito nesses arquivos, trocando suas extensões para poder visualizá-los num editor de texto puro como o bloco de notas?
É isso mesmo que você leu. Arquivos MIDI são textos puros que contém comandos codificados.
Abaixo vai um exemplo que mostra exatamente isso:

“MThd # # # xMTrk # ÿY# ÿQ##ï‘ ÿX##### ÿ/ MTrk A# ÿ##Piano 1&À °]# [P
Yb%Wb Db Tb Mb =b Y 6Rb Ub T W $Wb#Tb R U ?M W #Rb Ub T D #= U R Db JbPb”

Retirei de um arquivo MIDI que obviamente contém muito mais do que isso, mas acho que deu para você perceber que, conclusivamente, são como se fossem partituras codificadas. Só os dispositivos compatíveis entendem.
A primeira linha de código até que não nos parece assim tão ininteligível, pois já de cara nos apresenta a palavra “piano” que está indicando que as notas deverão ser reproduzidas com som de piano.

Podemos concluir assim que, na área da informática, as placas de som foram as primeiras a reproduzir sons sintetizados, juntamente com os primeiros teclados e outros instrumentos sintetizadores.
Foi quando novamente tiveram uma brilhante ideia vinda de malucos (tinha que ser) de implementar no MIDI um esquema que permitisse a execução desses comandos que você viu acima em realtime (tempo real), para que o som fosse gerado instantaneamente.
Isso explica basicamente como funcionam os teclados até hoje.
Como?
Simples…
Você aperta as teclas do instrumento e, dentro dele, é gerado comandos MIDI a serem decodificados e, por fim, reproduzidos com o som próprio do teclado.
Coisa de maluco mesmo, né? ?

Mais do que uma linguagem, o MIDI também acabou virando um protocolo de comunicação entre instrumentos compatíveis.
O som MIDI é conhecido até hoje por tentar imitar os instrumentos de forma bem precária para aquela época e razoável para um uso caseiro atualmente. Além disso, esteve dominando os celulares com aqueles toques polifônicos, lembram? é, era MIDI! ?

Coincidentemente, os celulares passaram quase pelo mesmo processo de evolução até conseguirem reproduzir uma música de verdade. Antes disso, reproduzia toques monofônicos (Ringtones), ou seja, só podia tocar uma única nota por vez.
Isso também aconteceu com o primeiro e enorme sintetizador feito antes da existência de teclados eletrônicos portáteis, o tão conhecido e famoso
Moog , desenvolvido por
Robert Moog .

O sintetizador era monofônico e o Álbun que se tem conhecimento com os sons dele teve que passar por uma gravação de 8 pistas separadas para colocar mais de uma nota e um instrumento ao mesmo tempo.

Switched on Bach, a música clássica de Bach usando o sintetizador Moog

Já naquela época (distante ao tempo em que o mesmo aconteceu com os toques dos primeiros celulares),
Keith Emerson (um exímio tecladista que fez pelos teclados o que Jimi Hendrix fez pela guitarra) teve conhecimento do sintetizador, ficou encantado com sua sonoridade e já queria usá-lo ao vivo, nos palcos.
Robert Moog, que era o músico e engenheiro daquele trambolho grande, o desaconselhava, porque pensava que seria de utilidade apenas em estúdios por ter instabilidades na afinação.
Não existia manual de montagem e uso do equipamento e vários complementos adicionais (como os módulos) vinham separado.
Mas pela insistência do grande músico surgia o
Minimoog , uma versão mais compacta do seu irmão mais velho que deu origem aos outros sintetizadores e também aos teclados eletrônicos.

À medida em que tudo foi evoluindo, também melhorava cada vez mais a precisão para sintetizar o som do instrumento desejado da forma mais idêntica possível a um instrumento real.
Neste processo de evolução é que o processamento de áudio começava a surgir em grande estilo.

Os teclados já contavam com memória suficiente para reproduzir timbres fiéis e próximos dos instrumentos acústicos; hoje com possibilidade para recursos adicionais como gravação em áudio de uma performance musical com efeitos diversos; a mesma gravação pode ser facilmente copiada para o computador, editada, masterizada e gravada em CD. Pode-se inclusive expandir o teclado com novos timbres sampleados.
O computador que até então era usado para tarefas muito peculiares e particulares, aos poucos também foi aprimorado.

E em meio a tudo isso, mais um grupo de malucões de uma empresa alemã conhecida como
Steinberg resolveu inovar, criando uma plataforma que permitia simular efeitos que eram comumente utilizados por outros equipamentos de hardware em estúdios, como processadores de efeito e pedaleiras.
Aos poucos eles deixaram de ser frequentemente usados.
Hoje basta plugar uma guitarra e/ou um violão elétrico e mandar o sinal de áudio para um computador com o software rodando um plugin de pedaleira virtual, que o mesmo efeito é fielmente reproduzido, como se estivesse vindo mesmo do equipamento.

No final das contas e aproveitando o sucesso disso e o grande impacto que deve ter causado, os espertinhos tiveram a ideia também de desenvolver uma nova tecnologia para possibilitar a execução de instrumentos reais pelo computador, usando o nosso bom e velho MIDI já explicado, em conjunto com algum outro instrumento musical que fosse compatível com o protocolo como teclados, que atuariam agora como controladores.
Controladores? Que que é isso?

Explicarei num próximo artigo.
Mas os teclados que foram os primeiros a serem feitos para tentar reproduzir os instrumentos (em especial acústicos) seriam usados para enviar comandos MIDI codificados em tempo real a um instrumento virtual, que os interpretaria e executaria com o seu próprio som em vez do som MIDI: No caso o instrumento tal como ele soa, gravado por diversas vezes, nota a nota, com inúmeras amostras (samples), em diferentes ângulos de captação, intensidade e articulação.
Sim, um clone quase perfeito de um instrumento real dentro do computador! ?

Agora, não necessariamente preciso ir atrás dos músicos para alcançar o perfeito realismo, basta um computador e um teclado e, o mais importante, saber como tocar os instrumentos, mesmo que seja num instrumento de teclas.
Se conseguir, então o resultado será uma reprodução fiel, como se eu estivesse tocando nele ou como se alguém tocasse na minha frente.
Se bem que tem gente que também pensa ao contrário.

A quem prefira gravar os instrumentos vindos dos seus instrumentistas.
De fato, podem existir algumas nuances que sejam difíceis de “clonar”, ainda mais considerando a performance única de cada músico.
Mesmo assim, com essa grande invenção, os produtores e músicos não precisam mais depender sempre do instrumento em mãos para alcançarem a sonoridade desejada, principalmente se a ideia é reduzir custos e o orçamento do cliente está muito apertado.
Na produção de trilhas para cinema, não é mais necessário contratar uma orquestra inteira, basta ter todos os instrumentos no PC e saber como sequenciá-los usando o teclado e softwares de produção musical!

E aqui termina a história de todo esse avanço tecnológico.
Graças a todos esses acontecimentos, novas alternativas estão a disposição para se fazer música.
O limite? Bem, isso vai da criatividade da pessoa!

a! e antes que eu me esqueça, as duas plataformas também receberam suas siglas como no MIDI. A primeira é chamada de VST (Virtual Studio Tecnology) e a segunda se chama VSTI (Virtual Studio Instrument Tecnology).
a primeira é para efeitos e a segunda para instrumentos virtuais, dos mais diversos: Acústicos, sintetizados…
E a quantidade de instrumentos possíveis de serem reproduzidos com uso de computador é infinita, que já existem plugins como os da
Arturia que te dão a possibilidade de conhecer, brincar e usar os primeiros dois importantes sintetizadores que citei acima: O Moog e o Minimoog.

E você, quais plugins VST e VSTI que mais gosta de usar?
Deixe nos comentários e vamos trocar conhecimento!
Grande abraço!

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Sobre mim

Sou tecladista, pianista e graduado como produtor fonográfico pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), além de qualificado profissional em composição e arramjo e técnico em instrumento musical pela faculdades EST de São Leopoldo.

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