Driver, placas de som e sistemas de áudio

Tempo de leitura: 6 minutos

Olá pessoal!
Espero que estejam todos muitíssimo bem.
O assunto desse post é de grande utilidade e tenho certeza que ajudará muita gente.

Para utilizar qualquer DAW, é extremamente importante configurar corretamente a placa de som no software. É por isso que é relevante abordar os diferentes tipos de placas de som para que você possa tomar uma decisão mais informada sobre qual sistema de áudio escolher durante a configuração.
Antes de prosseguir com as diferentes opções de placa de som, é importante compreender o que é um driver.

Para realizar o processamento de multimídia, é necessário que a máquina possua dois elementos fundamentais:

  • Hardware, capaz de processar as informações de forma eficiente. Exemplo: Placa de som.
  • Software multimídia, dividido em duas partes: driver e aplicativo.

O driver, que em português significa “controlador”, é responsável por gerenciar as características do hardware de multimídia. Já o aplicativo, é responsável por fornecer ao usuário controle sobre esse processamento, como no caso das DAWs.
Compreendidos esses elementos, agora podemos abordar a placa de som.

No seu computador, a placa de som usada para reproduzir músicas e outros sons do sistema é geralmente embutida na placa mãe, e por isso é chamada de placa de som “onboard” ou interna.
Quando o computador precisa reproduzir algum som, o comando passa por várias camadas do sistema operacional para garantir que não haja conflitos com outros programas que também queiram utilizar o som simultaneamente, como um player de música e um vídeo do YouTube.
Embora isso não seja um problema para o uso diário do computador, o tempo de processamento que ocorre durante esse processo não é ideal para tarefas de produção musical, onde é necessário ter baixa latência e um som sem cortes.
Se você está começando a gravar músicas em casa, a placa de som do seu computador será útil. No entanto, à medida que suas produções musicais se tornam mais complexas, você perceberá a necessidade de uma placa de som mais profissional e adequada para suas necessidades.
É aí que entram as interfaces de áudio.

Elas funcionam como pequenas ou grandes mesas de som, com botões giratórios que ajustam o volume de entrada e saída. Além de serem muito portáteis e compatíveis com a maioria das DAWs, as interfaces de áudio oferecem um som limpo e livre de ruídos, com conversores D/A (Digital para analógico) e A/D (analógico para digital) de alta qualidade e entradas diferentes da P2, como P10 e XLR, que são muito usadas em microfones condensadores. Algumas inclusive vem com entradas combo, permitindo tanto XLR quanto P10.
As interfaces de áudio também possuem pré-amplificadores de som, que permitem uma gravação mais precisa e limpa.
Os gravadores digitais em sua grande maioria funcionam como verdadeiras interfaces de bolso para quem quer algo fácil de carregar.
Já para aqueles que desejam expandir suas possibilidades de mixagem, as “mesas de som interface” são uma excelente opção. Elas apresentam características importantes de uma interface portátil, ao mesmo tempo em que mantêm os recursos essenciais de uma mesa de som tradicional, tais como equalização individual para cada canal, processador de efeitos, saídas auxiliares, subgrupos e até mesmo a capacidade de gravar simultaneamente e separadamente cada entrada de áudio com o auxílio da DAW. Com isso, é possível realizar mixagens mais elaboradas e profissionais em qualquer lugar, sem abrir mão da qualidade e da praticidade.

Ao investir em equipamentos de som externos, é importante ter cuidado, pois existem placas de som genéricas que possuem características semelhantes às de uma placa de som de computador, mas oferecem poucos recursos adicionais, tornando-as inadequadas para uso profissional.
Essas placas de som genéricas são comuns em lojas de informática e geralmente são bem baratas, mas nenhuma delas é capaz de reproduzir áudio de 24 bits com precisão, mesmo que tenham essa configuração.
Infelizmente, alguns vendedores anunciam erroneamente esses produtos como placas de som profissionais, quando na verdade não são.
Por isso, é fundamental pesquisar bem antes de fazer sua escolha e optar por uma placa de som de qualidade que atenda às suas necessidades específicas de áudio.
Procure saber se ela tem pelo menos o Phanton Power para o uso de microfones condensadores e, o mais importante de tudo, suporte à Asio com driver dedicado. Não se preocupe, entrarei em detalhes sobre o Asio mais adiante.
Isso posto, agora é a vez de falar dos sistemas de som, que é a parte mais importante da configuração de áudio numa DAW.

Existem várias opções para escolher ao configurar sua placa de som para obter o melhor desempenho possível. Abaixo estão as descrições dos protocolos mais usados:

Wave Out ou MME

Algumas DAWS como o Reaper são aplicativos bastante flexíveis quando se trata de usar placas de som genéricas, configurando-as para usar o protocolo Wave Out (ou MME), que mantém a compatibilidade com uma variedade de interfaces de áudio.
No entanto, o Wave Out não oferece o mesmo desempenho que o ASIO e pode resultar em latência no processamento de sinais de áudio, dependendo da configuração do hardware.

A latência é o tempo que leva para o sinal gravado ser reproduzido em segundos ou milissegundos, e é influenciada pelo buffer, que é o tempo que a placa de som reserva para processar informações.
Um buffer maior pode facilitar o processamento, mas aumenta a latência, e um buffer muito curto pode causar bugs, estalos, ou travar o programa.
Se você começar a usar vários plugins, isso pode piorar. A placa de áudio e os drivers associados dos computadores comuns não foram desenvolvidos inicialmente para produção de áudio, então, originalmente, os dispositivos de áudio Windows tinham dificuldades em processar o som com a rapidez necessária para o tempo real.
O sistema operacional possui camadas de drivers que realizam o processo, levando tempo.
Latências inferiores a 7 milissegundos podem ser consideradas em tempo real. Até 15ms, é possível gravar sem maiores problemas. Acima disso, a latência pode se tornar um incômodo.

WASAPI

O WASAPI (Windows Audio Session API) funciona de modo exclusivo, permitindo que apenas um software use a placa de som por vez para reprodução e gravação de áudio.
É um sistema de áudio recente criado pela Microsoft que está presente no Windows Vista, 7, 8, 8.1 e 10, principalmente por permitir a transmissão de som em nível “surround”.
Ao usar o WASAPI em algumas DAWs, como o Reaper, é possível gravar os sons do computador exatamente como se fazia com o recurso “stereo mix” ou “mixagem stereo” presentes em algumas placas de som genéricas. Isso é chamado de “loopback”.
No entanto, o WASAPI não funciona em algumas placas de som de computador e não oferece vantagens em situações que necessitem de áudio com baixa latência, pois o sinal passa primeiro pelo Windows antes de chegar na placa de som.

ASIO

O ASIO (Audio Stream Input Output) é um protocolo que grava e reproduz simultaneamente diversas fontes de áudio sem perder sincronia e qualidade.
Foi criado pela Steinberg, a mesma empresa alemã dona do Cubase e também das plataformas VST / VSTI.
O ASIO permite a comunicação com fidelidade entre a DAW e a interface de áudio, sem interferências no sinal. É possível aplicar vários plugins ao mesmo tempo porque o driver cria um caminho direto entre a DAW e a interface, sem passar pelo hardware de som do Windows, o que ajuda a reproduzir o sinal com muito menos latência.
Cada interface de áudio possui o seu próprio driver Asio, o que garante uma melhor integridade com esse sistema de som.

No mac, Os Core Audio (drivers de áudio nativos dos computadores Apple) apresentam ótima resposta. Claro, nem tanto quanto o ASIO dedicado de uma interface externa, mas o suficiente para quebrar um galho em uma sessão com poucos plugins.
Já no Windows, isso é difícil de conseguir, mas não impossível.
Então, para as placas de som genéricas que não possuem um driver Asio dedicado, uma alternativa é tentar o Asio4all.
Mas o que é o Asio4 all e por que não se recomenda muito seu uso?

Em 2003, o programador alemão Michael Tippach criou o Asio4all para auxiliar aqueles que não possuíam suporte nativo ao ASIO. O software emula o ambiente do ASIO em placas de som genéricas, garantindo funcionalidade às DAWs.
Assim como o ASIO, o Asio4all é independente de hardwares, o que é essencial para resolver problemas de latência. No entanto, ao usar o Asio4all em seu computador, você só poderá usar/gravar um único canal, já que o computador normalmente possui apenas uma entrada, que é P2 e pode comprometer a qualidade do sinal.
Gravar diretamente na entrada de microfone do computador geralmente resulta em áudio de baixíssima qualidade. Além disso, ao usar o Asio4all com a placa de som do computador, outros sons não prioritários podem ser silenciados, deixando ativo apenas o som da DAW.

Para configurar os inputs e outputs (entradas e saídas de áudio) a partir do sistema de som escolhido, é necessário seguir alguns passos:
Se você optar por usar a placa de som do seu computador por meio do Wave Out ou outro sistema de som que não seja o ASIO, as opções de entrada/saída de áudio geralmente são limitadas.
Isso depende principalmente dos recursos da placa de som ou de outros dispositivos de áudio instalados. Algumas permitem gravar apenas a entrada de linha, enquanto outras apenas o microfone interno dos notebooks, e assim por diante.
No entanto, ao usar interfaces de áudio no modo ASIO, você pode configurar uma variedade de entradas e saídas de áudio para que, ao criar as tracks, seja possível escolher quais canais de entrada e saída serão usados a partir dessa variedade.
Por exemplo, se você configurou uma faixa de quatro entradas, mas sua interface de áudio tem oito, apenas quatro estarão disponíveis para uso.

Depois de fazer essa configuração, é necessário ajustar o tamanho do buffer.
Para o ASIO, as configurações variam de acordo com o painel de controle de cada interface de áudio. Para os outros sistemas de som, geralmente é possível fazer essa configuração a partir de campos de edição que determinam o tamanho.
Porém, o comportamento pode ser diferente dependendo do sistema de som escolhido, o que requer experimentação. O modo de ajuste do buffer também varia.

Com essas configurações adequadas, você será capaz de aproveitar todas as potencialidades de sua interface de áudio e dos demais equipamentos de trabalho na sua DAW.
Embora cada DAW tenha maneiras diferentes de tratar essas configurações, o princípio é o mesmo.
Espero que tenham gostado das dicas!
Fiquem a vontade para deixarem recomendações de interfaces de áudio, dicas relevantes sobre o assunto e até dúvidas.
Grande abraço e até a próxima!

Fontes:
Magroov blog
KV Music Beats no Youtube

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Sobre mim

Sou tecladista, pianista e graduado como produtor fonográfico pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), além de qualificado profissional em composição e arramjo e técnico em instrumento musical pela faculdades EST de São Leopoldo.

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