Boas práticas para uma produção musical de qualidade

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Olá pessoal!
Tudo bem com todos?
Neste post irei falar de boas práticas para as etapas de gravação, mixagem e masterização a fim de conseguir uma produção musical de qualidade.
O Essencial é não usar equipamentos enganosos.

Para começar, o primeiro item já será logo de cara o fone de ouvido.
“Mas Gabriel, Porquê?”
Novamente me vem à tona os bons tempos de infância quando eu usava direto os fones de ouvido para ouvir música, de modo que já perdi a conta de quantas marcas de fone já tive e de quantos já consegui estragar.
A questão é que ouvir e produzir música são coisas distintas.
Ao ouvir uma canção, o ouvinte não está preocupado com a equalização ou distribuição dos instrumentos no campo sonoro, mas sabe que a música é boa ou ruim pelo conjunto da obra, inclusive na qualidade do equipamento utilizado para a audição. Tudo isso pode desencadear uma série de reações.
Justamente por isso é que, para quem cuida de uma produção musical, deve perceber cada detalhe usando equipamentos adequados que possibilitam ouvir o som “como ele realmente é”, ou seja, sem muito reforço de graves, médios e agudos. Esse é o grande problema dos fones e equipamentos comuns.

Eu, que já carregava esse vício ao longo do tempo, comecei também a utilizá-los como referência nas minhas produções musicais.
Cada vez que terminava uma produção, ouvia em diferentes equipamentos e nunca tinha uma definição clara do som. Quando ouvia nos fones, parecia que estava legal; quando eu ouvia no carro, estava muito grave. E assim os fones iam causando falsa impressão nas mixagens.
E o pior de tudo foi eu ter insistido nisso, porque noutro dia queria melhorar e acabava indo longe demais e estragando ainda mais o trabalho.

Se o uso constante de fone de ouvido já é um perigo, o que dizer então de modelos que não são apropriados para essa tarefa?
É exatamente isso que acontece. Por falta de conhecimento ou mesmo um certo “ego” de nossa parte, demoramos a perceber que o problema está em nós mesmos, principalmente quando o cérebro acaba se acostumando.

Nosso ouvido aqui funciona como um par de microfones (um para cada lado). É o cérebro que interpreta o que a gente conhece como um som.
Então, ouvir música nem sempre é uma rotina, mas produzir música faz parte do trabalho diário e deve ser confortável, sem causar confusão ao cérebro.
O resultado final deve ser uma música que se faz ouvir da mesma forma em diferentes lugares. A mesma reprodução num fone eu tenho que conseguir também no carro, num aparelho de som, em uma festa… O processo de masterização é responsável por isso.
Percebe como não é tão simples assim?

Então, é recomendado o uso de fones específicos de monitoramento, ou melhor, um par de monitores de referência para você sentir como o som se propaga no seu ambiente de produção e chega até o ouvido, pois isso também faz diferença.
Faça isso principalmente se o barulho não é um problema, nem precisa ser em volume alto.
Existem fones que simulam essa experiência, podendo inclusive escolher o tipo de ambiente como se você estivesse naquele lugar, mas é só uma simulação, certo? Prefira os monitores de referência.
Use os fones apenas para gravação (para não vazar som), ou para ouvir o resultado final antes de tirar uma conclusão definitiva do trabalho.

Ok, falei que nosso ouvido funciona como um par de microfones. E quando eles não funcionam direito?
Esse paralelo pode ser feito com a utilização de microfones ruins, ou mesmo placas de som como as dos computadores da linha PC, que obviamente terão um sistema de amplificação precário.
Da mesma forma que a perda auditiva causa dificuldades na compreensão da fala e na percepção sonora, um microfone ruim ou uma placa de som genérica também vai proporcionar um resultado inferior.
“Mas Gabriel! Com umas edições de áudio com certeza dá pra resolver isso”.
Até certo ponto sim, mas não de tal forma que se possa comparar com uma captação de qualidade profissional.
É a mesma coisa que você achar que vai ouvir da mesma forma os sons que ouvia antes de precisar usar uma prótese auditiva.
Numa perda muito severa isso pode nem funcionar direito, e assim também é numa gravação de qualidade horrível.
Parece não fazer sentido, mas é verdade. Aliás, o mundo sonoro começa em nós quando aprendemos a ouvir. E é assim que devemos também perceber a forma como funcionam os microfones e as placas de som.
Podemos fazer um paralelo dos zumbidos com ruídos que são ocasionados por uso de equipamentos ruins, falta de aterramento ou coisas do tipo.
Uma captação com equipamentos razoáveis é uma forma de registro sonoro quando a intenção não é mesmo profissional; por isso pode não soar tão bem. Não a nada de errado tentar melhorar de forma artificial, mas não será a mesma coisa.
No caso da perda auditiva, um aparelho auditivo pode até trazer de volta a qualidade de vida, não a nada de errado nisso também. Só não tira as consequências, assim como acontece também com a qualidade de uma gravação mau feita.

Em especial para os microfones, cada um possue características muito peculiares que servem para determinado tipo de aplicação.
Por exemplo: Os microfones condensadores possuem uma sensibilidade maior de captação e por isso captam mais detalhes, mas são um desastre para ambientes muito barulhentos ou sem um tratamento acústico.
Os microfones dinâmicos além de resolverem o problema, também são uma ótima pedida para apresentações ao vivo, mas podem não ser adequados para captar certos instrumentos.
No final das contas, vale a pena experimentar e principalmente perceber como o som está sendo captado para não haver dor de cabeça depois, porque tudo começa na gravação.

Depois da gravação vem a mixagem.
Qual será que é o segredo dela, como dão tanto a entender os livros que falam sobre o assunto?
Nenhum. Na verdade, tudo começa pelas referências de estilos musicais que podem se encaixar com a música a ser produzida.
Cada estilo musical pede uma configuração diferente, de modo que aqui vale principalmente o uso do bom censo.
Nada de apelação!
Se a mixagem for mau feita, haverá mais trabalho ainda ao corrigir defeitos na hora de masterizar.

Aqui a mixagem não é pura e simplesmente uma mistura de sons.
Tudo precisa ser ouvido, sem mais nem menos, sem exageros.
É possível colocar a voz mais para a frente com relação aos outros instrumentos? sim, mas isso não quer dizer que precisa “sentar” o volume nela. Usar limiters e compressores para segurar a dinâmica é sempre válido, mas de novo: Não exagere, por favor!
Seja criativo nos efeitos. Coloque um reverb quando for necessário, brinque com o delay como se ele fosse algo amais para a música e não como apenas um efeitozinho que está ali.
A mixagem pode compartilhar algumas das técnicas usadas na masterização, mas são coisas diferentes. Não adianta construir um carro sem antes ajustar as partes para que fiquem juntas.

Por fim, a masterização pode ser considerada como o “polimento” da música.
Podem ser feitos várias checagens, como balanço, equilíbrio e aprimoramento dos canais esquerdo e direito, equalização geral, compressão e limiter.
Isso garante que o material tenha um bom volume e que seja reproduzível da mesma forma em qualquer meio (aparelho de som, carro, televisão, etc).

É isso galera!
Espero que tenham gostado.
Até a próxima!

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Sobre mim

Sou tecladista, pianista e graduado como produtor fonográfico pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), além de qualificado profissional em composição e arramjo e técnico em instrumento musical pela faculdades EST de São Leopoldo.

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